segunda-feira, 29 de junho de 2009

O QUE É O MÉTODO PSICOPROFILÁTICO DE PREPARAÇÃO PARA O PARTO

Na preparação para o parto pelo método psicoprofiláctico há referência a diversos conceitos que julgamos que devem ser esclarecidos. Estes constituem a base do método mas, pela sua complexidade, optámos por simplificar reduzindo a informação ao essencial de modo a facilitar a aquisição dos conhecimentos. A sobre-simplificação da informação pode, de alguma maneira, levar a uma concepção errónea da realidade, no entanto, por ser a forma mais simples de a transmitir, optámos por deixar espaço ao esclarecimento das dúvidas que possam surgir através do e-mail já referido ou pessoalmente, nas aulas a desenvolver.


O método de preparação psicoprofilático para o parto método resume-se em 3 pontos principais:

Descondicionar o que está errado e condicionar o que está certo, ou seja a respiração e o relaxamento voluntário;

Tornar conhecido o desconhecido aumentando o limiar de sensibilidade à dor;

Ocupar o cérebro com o relaxamento voluntário através da concentração total e a respiração para serem utilizados durante a contracção uterina como um reflexo condicionado, como reflexo inato de defesa contra a contracção.
Ou seja, o que se pretende é condicionar a mulher a dar a luz sem dor através do descondicionamento dos reflexos negativos (dor e medo) e condicionamento dos positivos, da ocupação do córtex cerebral durante a contracção uterina com o relaxamento e a respiração e tornando conhecido o desconhecido aumentando o limiar de sensibilidade a dor.
Na nossa opinião estes princípios fundamentais não são incompatíveis com a terapêutica utilizada nestas situações em meio hospitalar (por exemplo, utilização de epidural), nem são inúteis face à inevitabilidade de uma cesariana.


Todo o conhecimento que é transmitido na preparação para o parto interfere no momento do parto:
N
o desenvolvimento da gravidez até ao seu culminar.
Na postura assumida pela mulher enquanto aguarda pela anestesia epidural, por exemplo, e, nos casos em que surge a necessidade de cesariana, principalmente quando a mesma decorre sob anestesia epidural.
No puerpério (a fase imediatamente após qualquer tipo de parto) em que a prestação de cuidados ao recém-nascido e o auto-cuidado são influenciados pelo conhecimento adquirido nesta preparação.


Na realidade, o método baseia-se:
N
uma educação simples e racional baseada em demonstrações.
Numa aprendizagem minuciosa e regular sob o controlo de pessoas experientes.
Na criação de uma compreensão recíproca numa atmosfera de confiança, segurança e estima.
Na participação, sempre que possível, do companheiro da futura mãe.
Na compreensão da mulher da importância do desenvolvimento da gravidez em boas condições físicas, psíquicas e obstétricas; da sua participação total como elemento facilitador do nascimento e do estabelecimento da relação afectiva entre a mãe e o bebé.
Na utilização dos meios terapêuticos modernos apenas nos casos indispensáveis, permitindo às equipas de saúde tomar a decisão de os utilizar com base na colaboração da mulher e esclarecê-la sobre os motivos da sua utilização sempre que ocorra.


Básculas
As básculas servem para consciencializar a mulher de que tem uma bacia, para evitar as lordoses ao obrigar à aquisição de uma postura anatómica correcta da mãe, para ajudar no período expulsivo ao tonificar os músculos abdominais, para ajudar no posicionamento correcto do feto ao obrigá-lo a encaixar na bacia e a ajudar o feto a dar a cambalhota final para ficar na posição de nascer (cefálica). O movimento também será utilizado no fim da expulsão.

Momento de concentração

A descontracção neuromuscular é o repouso dos músculos que depende do cérebro: os músculos estriados são os que controlamos directamente (por exemplo, músculos dos braços, das pernas). Os músculos lisos não dependem da nossa vontade, como é o caso do útero, que trabalha em reflexo absoluto, pelo que o cérebro só lhes presta atenção quando alguma coisa não está bem. Apesar de tudo, o útero é diferente de outros músculos lisos (como o estômago) porque não trabalha todos os dias e porque se altera ao longo de toda a gravidez para se preparar para esse momento de trabalho, distendendo a parede abdominal e modificando toda a estrutura do conteúdo abdominal. É na adaptação a estas alterações que a preparação para o parto se vai revelar importante.
Considerando que os outros músculos controláveis não têm qualquer função durante o trabalho de parto até à expulsão há que aprender a relaxá-los de forma a obter uma descontracção controlada de todos os músculos inúteis neste trabalho, passando pelo momento de concentração e realizando o esquema de erros.
Ao contrair, o músculo consome oxigénio. O útero vai usar oxigénio de forma crescente e regular durante o trabalho de parto, ao mesmo tempo que o bebé também precisa dele. Ao descontrair os músculos inúteis no trabalho de parto, diminuímos o consumo geral de oxigénio, disponibilizando-o para o útero, permitindo-lhe eliminar os produtos da combustão regularmente de modo que não se fatiga tão facilmente, evitando a dor.
A descontracção voluntária e completa de todos os músculos faz parte dos reflexos a adquirir no treino da preparação para o parto como reacção à contracção uterina, reforçando a concentração do cérebro que a passa a reconhecer como sensação de contracção muscular pura, sem dor e no momento do nascimento é essencial que a mulher saiba concretizar a contracção dos músculos abdominais e a descontracção dos músculos do pavimento pélvico.
O momento de concentração serve para consciencializar o corpo que está ausente de nós. Pode ser por aqui que começamos ao chegar a sala de partos, assim que termina o acolhimento e que todos os procedimentos foram efectuados restando apenas esperar pelo desenrolar do trabalho de parto. Ao tomarmos consciência do nosso corpo diminuímos a tensão, o medo e a ansiedade e, logo, diminuímos a dor.

Esquema de erros
Serve para dar conhecimento dos inconvenientes dos erros a evitar durante o trabalho de parto (roubam energia ao útero prejudicando-o e à criança; a perda de energia prolonga o trabalho de parto); para descondicionar o que está errado e condicionar o que está certo: concentração no relaxamento; para informar do funcionamento do músculo uterino na gravidez e trabalho de parto; para que se dê início da concentração no relaxamento voluntário durante a concentração, desviando toda a concentração para este efeito.

Simulação da contracção
O nosso treino é feito para o trabalho de parto. Num primeiro filho é possível que demore mais de 10 horas em que se passa pelo apagamento e dilatação (as contracções sucedem-se até se chegar aos 10 cm), período expulsivo e dequitadura que é a saída da placenta.
A contracção não depende de nós, mas sim de hormonas. É durante a contracção que temos de apostar no relaxamento e na respiração.
Com o passar do tempo as contracções tornam-se cada vez mais intensas e em maior número. Em cada contracção há uma fase crescente, um pico e uma fase decrescente. As contracções permitem o apagamento, a dilatação e a expulsão e intensificam-se após a ruptura de membranas.

Respiração
Tal como os atletas, a mulher deve aprender a regular o ritmo da respiração de acordo com o esforço a executar, porque a falta de oxigénio na libertação de produtos tóxicos para os tecidos provocando cãibras e cansaço nos músculos em trabalho. Um músculo bem alimentado com oxigénio tem um funcionamento fisiológico, sem dor.
Uma boa respiração permite: na inspiração mais oxigénio disponível para útero e para o bebé através da placenta, na expiração elimina o dióxido decarbono, que em grande quantidade seria prejudicial para ambos (mãe e feto). É utilizada em associação à descontracção neuromuscular e é uma resposta ao sinal enviado pelo útero em trabalho, facilitando a aquisição de reflexos pela aprendizagem dos diferentes tipos respiratórios.
Cada tipo de respiração tem a sua função.
Para trabalhar, o músculo uterino precisa de oxigénio pelo que se faz o 1º tipo de respiração, abdominal, em que ao inspirar pressionamos o diafragma para baixo empurrando o útero sobre o qual fica em linha recta e na expiração fica tipo chapéu de chuva por cima dele. A do 1º tipo faz-se sempre que surja uma contracção durante a gravidez e no trabalho de parto, tem tudo a ver com o relaxamento e serve para poupar energia ao útero e para fazer chegar o oxigénio ao bebé e ao músculo uterino, diminuindo a dor. É agradável para a grávida, para a criança e para o útero. A contracção vai durar de 20 segundos a 1 minuto.
A respiração do 2º tipo é de SOS, para quando a grávida sente contracções já muito intensas, podendo usar este tipo de respiração durante 20 segundos (para evitar a sensação de formigueiro no corpo), ainda dentro da contracção e alternando com o 1º tipo, sendo mais utilizada no fim da dilatação, normalmente depois dos 5 cm. É superficial, pequena inspiração, silenciosa, feita só pela boca.
O 3º tipo é a da fase de transição, quando se tem uma contracção e dá vontade de puxar e não se pode, pelo que se mantém até aliviar a vontade de puxar. Fazer força antes da dilatação completa engrossa o colo tornando-o menos elástico e fazendo retroceder a dilatação ou seja em vez de 10 contracções precisa de 50 para se completar o que representa uma diferença de 15min para 2h.

Período expulsivo
No período expulsivo espera-se a descida da cabeça que ocorre com a associação da contracção uterina com a força voluntária da mulher; a desflexão da cabeça que advém da associação da mesma contracção com a força expulsiva controlada e descontracção do períneo e, finalmente, a passagem da cabeça na vulva que se consegue com a associação do controlo do períneo com a força lenta, progressiva e voluntária.

Teste de controlo
Para que se possam verificar os reflexos condicionados.

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